Conta a história que os seres celestiais e os demônios fizeram uma reunião. O chefe dos seres celestiais, Indra, não estava gostando nem um pouco da situação. Mas, não havia outra maneira, a não ser encará-la, já que, ele mesmo tinha feito o acordo.
Algum tempo antes, numa reunião de seres celestiais, um sábio chamado Durvasas recebeu uma guirlanda perfumada de flores e gostava de exibi-la ao pescoço, sentia-se orgulhoso. Indra passou perto dele, mas não fez comentário algum sobre o presente que o sábio havia recebido.
Durvasas com seu orgulho ferido, ficou furioso e proferiu uma maldição contra Indra, segundo a qual o poder dele como chefe dos seres celestiais enfraqueceria no cosmos. Mas, tudo isso fazia parte de um plano superior.
Tendo Indra enfraquecido em seu poder, os demônios iniciaram uma guerra contra os seres celestiais, e estava díficil vencê-los.
Ambos os lados sabiam que deveriam recuperar o Néctar da Imortalidade, caso contrário, todos morreriam. Somente juntos, seres celestiais e demônios, poderiam recuperar o Néctar.
Teria que se fazer uma grande batedura no Universo em determinado ponto, com a colaboração de todos os presentes a fim de fazer ressurgir o Néctar. Eles uniram forças para executar a batedura. A Serpente Vasuki ofereceu-se para ser o bastão que seria usado. A cada giro ele ia ficando indisposta, até que por fim, vomitou uma substância venenosa que atingiu Shiva, que adquiriu a cor azul.
A operação continuou e antes que chegasse à metade do processo coisas mágicas começaram a acontecer. Chandra, o grande orbe da Lua, apareceu. Um elefante celestial, pedras preciosas, uma árvore mágica, uma vaca que realizava desejos, e outros itens também que foram reivindicados um por um.
Apareceu então, uma pedra preciosa de rara beleza e multicolorida, muito brilhante. Ninguém ousou tocá-la, e ela flutuou até Vishnu e fundiu-se ao seu peito. Era a grande jóia que realiza todos os desejos, abençoada por Saraswati. A batedura continuou, e uma bela mulher surgiu do meio das ondas, vestida com um sari cor-de-rosa profundo enfeitado com ouro e pedras preciosas. Ela flutuou até os seres celestiais e pousou lentamente. A beleza e a compaixão irradiados por seu rosto, impressionava a todos. Nenhum deles jamais vira um ser parecido.
Era Lakshmi, soberana esposa e parte do próprio Narayana. Indra tentou reivindicá-la para si. Lakshmi então, falou:
" Narayana me enviou para mostrar a vocês o Nèctar da Imortalidade. Como seu vaso de abundância, deverei abastecer vocês com o néctar e com muitas outras coisas. Saibam que sempre que houver riqueza, bons amigos, colheitas e alimentos abundantes, crianças saudáveis e quaisquer outras circunstâncias de abundância, foi minha benção que proporcionou tudo isso."
E dirigindo-se a Indra:
" Não serei sua consorte nem a vossa parte. Vós que, antes de mais nada, estais preocupado com vossa posição, precisais dedicar todo o vosso talento e a vossa energia a isso." E sorridente concluiu: " Eu estou destinada a outro, cuja única preocupação é pelo bem estar dos justos. Eu falo, naturalmente, do nobre Vishnu."
Lakshmi deslizou até Vishnu e passou o braço carinhosamente ao redor do pescoço dele e eles olharam-se com profundo amor e afeição.
Adaptado do livro Shakti Os Mantras da Energia Feminina, de Thomas Ashley-Farrand.
Sâmada